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quarta-feira, 11 de maio de 2016

Experimentos em Animais: Ético ou Não?

Nathália Soares
Ciências Biológicas, UNIP Jundiaí

Resumo
Há ética em submeter animais a procedimentos insuportavelmente dolorosos e cruéis como os que submetem alguns laboratórios? Esse tipo de teste em que animais são usados são algumas vezes desnecessários, pois já a outras formas de fazer experimentos para produtos químicos de limpeza, cosméticos entre outros, como o uso de tecido humano manuseado em laboratório o que leva a um resultado mais satisfatório, pois o teste em animais às vezes não funciona, pois uma substância pode se manifestar diferente em tecido animal que no humano, pois esses tecidos podem ter características diferentes, podem ter uma estrutura diferente do outro o que torna insatisfatório o experimento, motivo este que revela como esse tipo de processo pode ser desnecessário. Por exemplo os coelhos são imobilizados para que não tentem arrancar seus olhos durante o procedimento no qual é colocado a substância diretamente em seus olhos para visualizar a irritabilidade do produto, procedimento realizado sem quaisquer anestésicos, o que causa dor e sofrimento ao animal.

Ética é a ciência do pensar sobre as respostas certas da vida, é uma busca do aperfeiçoamento da nossa convivência. Moral é objeto que estuda a ética. Bioética é o conjunto de problemas levantados pelas responsabilidades moral dos médicos e biólogos em suas pesquisas e na aplicação destas.
Experimentações em animais é uma técnica usada há milhares de anos, mas nas últimas décadas esse tema está causando muita polêmica e discussão sobre o que é certo ou errado, e o que é ético ou não. Muito utilizado em pesquisas farmacêuticas, cosméticos e afins, são atos considerados como legitimamente éticos os experimentos em animais que sejam de beneficio direto para a vida e para a saúde humana e animal.
O uso de animais em testes laboratoriais causam sofrimento, ferimentos e transtornos psicológicos aos animais, pois eles possuem substratos neurológicos que geram a consciência e comportamentos intencionais, ou seja, eles sentem dor. Entretanto os testes com animais são submetidos a comitês de ética, e o fim do uso de animais em testes no Brasil tornaria a ciência brasileira dependente da tecnologia externa.
Antes de testar produtos em humanos, são testados em animais, mas nem sempre os resultados obtidos em animais são os mesmos obtidos posteriormente em humanos. Testes em animais é uma opção, pois com a tecnologia de hoje existem alternativas capazes de substituir o uso de animais em testes como a aplicação de modelos matemáticos e computacionais, técnicas in vitro com tecidos de seres humanos ou animais, porém em alguns casos não há como substituir o animal. Sempre que existir um método alternativo com eficácia comprovada, ele deve ser substituído.

Os experimentos com animais não são eticamente válidos se houver métodos alternativos fidedignos para o conhecimento que se procura. O princípio ético de reverência pela vida exige que se tenha um ganho maior de conhecimento com um custo menor no número de animais utilizados e com o menor sofrimento dos mesmos”. Ekaterina Akimovna B. Riveira, 2002, SciELO Books
 “De acordo com o Dr. Albert Sabin, pesquisas em animais prejudicaram o desenvolvimento da vacina contra o pólio. A primeira vacina contra pólio e contra raiva funcionou bem em animais, mas matou as pessoas que receberam a aplicação. Albert Sabin reconhece que o fato de haver realizado pesquisas em macacos Rhesus atrasou em mais de 10 anos a descoberta da vacina para a pólio.”

Entre tantos testes experimentais, o mais comum é o de irritação dos olhos que é utilizado para medir a ação nociva dos ingredientes químicos de um produto de limpeza e em cosméticos. Os produtos são aplicados diretamente nos olhos dos animais conscientes. Os coelhos são os animais mais utilizados nos testes Draize, pois são baratos e fáceis de manusear. Seus olhos grandes facilitam a observação dos resultados. Para prevenir a que arranquem seus próprios olhos, os animais são imobilizados em suportes, de onde somente as suas cabeças se projetam. É comum que seus olhos sejam mantidos abertos permanentemente através de clips de metal que seguram suas pálpebras. Durante o período do teste, os animais sofrem de dor extrema, uma vez, que não são anestesiados. Embora 72 horas geralmente sejam suficientes para a obtenção de resultado, a prova pode durar até 18 dias. Muitas vezes, usam-se os dois olhos de um mesmo coelho para diminuir custos. As reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris, úlceras, hemorragias ou mesmo cegueira. No final do teste os animais são mortos para averiguar os efeitos internos das substâncias experimentadas. No entanto, os olhos de coelho são um modelo pobre para olhos humanos.
Segundo a cientista Silvana Gorniak, pesquisadora da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a decisão de usar bichos em suas pesquisas não é simples - nenhum pesquisador faz isso porque gosta. Ademais, esse tipo de estudo é muito caro, pois o custo das cobaias animais eleva em muito o preço dos experimentos. Por isso, há décadas, laboratórios de todo o mundo procuram por métodos alternativos. Nos últimos anos surgiram novas técnicas de cultura celular e modelos de computador, capazes de substituir os animais em algumas pesquisas, mas não todas. Não há como simular o funcionamento conjunto de sistemas complexos do corpo, como o circulatório, nervoso e imunológico. "Como replicar a depressão em uma cultura de células? Não existem métodos alternativos para testar anticancerígenos, vacinas contra AIDS, medicamentos anti-hipertensivos. Para saber se eles funcionam, precisamos testar em animais".


Referências:

Ciência Hoje. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2013/10/sobre-animais-etica-e-ciencia> - acesso em 10/112015.
Honório Sampaio Menezes. Ética e pesquisas em animais. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ppgeducacaociencias/simposio%20sobre%20etica.pdf> – acesso em 10/11/2015.
Ekaterina Akimovna B. Riveira. Ética na experimentação animal. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/sfwtj/pdf/andrade-9788575413869-05.pdf> acesso em 10/11/2015.
Andy Petroianu. Aspectos éticos na pesquisa em animais. Disponível em: <http://medicina.ufmg.br/cememor/arquivos/aspectosEticosAnimais.pdf> - acesso em 10/11/2015.
Guilherme Rosa e Juliana Santos. Uso de animais em experimentos não é opcional. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/uso-de-animais-em-experimentos-nao-e-opcional-diz-pesquisadora/> - acesso em: 10/11/2015.