Ética
– Consumo de Animais
Aline
Francalaci[1]
Luis
Augusto Garcia
Vanessa
Cristina Savietto
Este artigo tem por objetivo promover uma
reflexão ética sobre o consumo dos animais na alimentação humana, demonstrando
argumentos que provam que a dieta com base no consumo de carnes é insustentável
e ainda faz mal a saúde humana. Com a ética e, atualmente, com a bioética, vem
sendo discutido o uso dos animais em pesquisas, consumo, vestimenta, etc. Mesmo
baseada em hábitos e costumes muito antigos e, mesmo sendo o homem um animal
onívoro, é necessário repensar essas atitudes e visando a melhoria das
condições animais e não apenas tratá-los como apenas objetos para uso do homem.
Palavras-Chave:
Ética, animais, alimentação.
Ética,
ou reflexão da moral, costumes e ações humanas, é um dos temas mais importantes
da filosofia, sendo visto através dos séculos, desde Platão (428 – 348 a.C.)
até os dias de hoje. Muitos temas são base da Ética, as profissões têm seus
próprios códigos e ética e as atitudes do cotidiano também têm a sua reflexão
como consciência, bem e mal, virtudes, hábitos, costumes, atitudes para com
você e com os outros, “[...] precisamos agir eticamente no dia a dia, na empresa e na
política, no hospital e na escola, nos negócios e na relação com o planeta que
é nossa casa (oikós).” (VALLS, 2004,
p.17).
Com
os avanços tecnológicos surgiu a bioética, ponte entre as ciências e a ética,
reflexão sobre o uso da ciência em questões como genética, medicina,
interferência humana no uso do ambiente e do planeta, etc. Para abordar os
problemas bioéticos há dois princípios morais principais: o principio do
consentimento, no qual o
indivíduo deve dar sua permissão para procedimentos, e o principio da
beneficência, que tem por finalidade alcançar o bem e evitar prejuízos.
Uma
das questões que vem se difundindo é o uso dos animais em pesquisas e para a
alimentação. “Existe atualmente um tipo de
fundamentação em defesa do vegetarianismo, filosófica e ética, que se centra no
que é consumido e funciona numa lógica reversa: deve-se adotar o vegetarianismo
porque é errado matar e comer animais.” (DIAS, 2015). Diversos grupos
fazem campanhas e difundem a vida com uma alimentação vegetariana, sua popularidade entre os consumidores atuais tem
fundamento em diversos argumentos: melhor dieta para a saúde humana, contribui
para a preservação do meio ambiente, porque a produção de animais para consumo
humano sobrecarrega os recursos naturais o que contribui para o esgotamento do
meio ambiente. Existem muitos argumentos contra a dieta com o consumo de
carnes, questões éticas que devem ser vistas através da reflexão, utilizando,
principalmente o principio em bioética da beneficência. A piedade aos animais, independente de sua condição e da definição de seu destino pelo homem,
deve ser revista e refletido à luz da ética,
“além de reconhecer as responsabilidades para outras pessoas com respeito aos
animais, devemos reconhecer também uma responsabilidade de considerar a dor e
sofrimento dos animais” (ENGELHARDT, 2008, p.184).
Além disto, ainda é possível ver o consumo de carne do ponto de
vista sustentável, como o efeito estufa ligado à indústria pecuária, a área que
sofre desmatamento para a criação dos animais, etc.
“No mundo o consumo
de carne está ligado à miséria, fome, desnutrição, pois a produção de grãos,
cerca da metade é destinada ao consumo dos animais para o processo de engorda,
dos quais [...] para produzir 1 quilo de carne bovina são necessários 7,2
quilos de grãos de soja, 2,7 para 1 quilo de carne de porco e 1,3 para frango
ou ovo. Estima-se que 40 pessoas poderiam ser alimentadas com os cereais
utilizados para gerar 225g de carne bovina [...]” (MOULIN, 2015)
A
produção e o consumo de carne trazem efeitos colaterais significativos para o
meio ambiente e para todos nós, efeitos que não são embutidos no valor final do
produto que o tornaria caro e assim inacessível ao consumidor final. Mas que
prejudica o solo, água, o clima do planeta, florestas e a perda da
biodiversidade, preço que será pago apenas pelas futuras gerações; que poderia
ser evitado ao mudarem seus hábitos alimentares. Visando todos os comparativos
do consumo de água pelo uso para produção animal, acaba excedendo o próprio
consumo humano.
Ao
consumirmos não pensamos em como o mesmo foi plantado, cultivado, colhido e no
caso das carnes se o mesmo foi bem tratado, alimentado, se sofreu ao longo de
sua vida e principalmente na hora do abate.
Se
soubesse ao certo como estes são tratados e manejados, muitos optariam pelo
vegetarianismo e outros se acostumariam com a situação, pois os animais são mal
tratados, colocados em situações de extrema dor e sofrimento. Galinhas, porcos,
vacas, patos, carneiros, bois e bezerros, dentre outros tantos animais
submetidos à criação intensiva, nascem em série,
vivem oprimidos e morrem prematuramente. Cumprindo sua miserável existência
confinados em espaços, submetidos à ação de hormônios e a procedimentos
induzidos para acelerar a produção de carne, queijo ou ovos, não raras vezes
esses animais encontram apenas na morte a sua libertação.
A ideia de proteger os animais vem com a sua familiaridade com
eles, como animais domésticos ou animais símbolos de extinção, animais
invertebrados não são lembrados em listas de animais que os indivíduos desejam
proteger.
“[...] os
animais são protegidos pela moralidade da beneficência. Como a variedade da
capacidade dos animais de sofrer e alcançar o prazer e a realização vai desde
aquela dos primatas mais desenvolvidos até a dos animais unicelulares, a força
dos direitos de beneficência varia dramaticamente. Quanto mais os animais podem
sentir, sofrer ou ter afeição por outros maior será o peso das preocupações de
beneficência para com eles.” (ENGELHARDT, 2008, p.185).
Apesar
de manter estreitos vínculos com moralidade e os costumes, o direito não tem a
função de impor determinado comportamento ou regular a conduta dos indivíduos.
Esse papel é da moral. Ainda que o artigo 32 da Lei Ambiental tipifique como
crime submeter animais a atos de abuso ou maus tratos, esse dispositivo penal
não se mostra por si só, hábil a impedir a crueldade. A proibição está
implícita na moral de cada cidadão. “Interesses econômicos, por sua vez,
prevalecem sobre a dignidade e o respeito á vida e, o que é mais grave.”
(LEVAI, 2015).
Referencias
DIAS, Paula Barata. Em defesa do vegetarianismo: o
lugar de Porfírio de Tiro na fundamentação ética da abstinência da carne dos
animais. Artigo apresentado na Universidade de Coimbra, 2015.
ENGELHARDT, H. Tristram. Fundamentos da bioética. São Paulo:
Loyola, 2008.
LEVAI,
Laerte Fernando. Os animais sob a visão da ética. Disponível em: <http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/os__animais__sob__a__visao__da__etica.pdf>.
Acesso em 29 de Outubro de 2015.
MARCONDES,
Danilo. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar,
2009.
MOULIN,
Carolina Correa Lougon. Consumo de Animais; o despertar da consciência. Artigo
apresentado na Faculdade Milton Campos, 2015.
OLIVEIRA,
Wesley Felipe. Ética, alimentação e meio ambiente. Periodico eletrônico: Forum
ambiental da alta paulista, volume V, ano 2009.
VALLS,
Alvaro L.M. Da ética à bioética. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
[1] Alunos
do curso de graduação de Ciências Biológicas da Universidade Paulista – UNIP,
Campus Jundiaí, 2º Semestre.