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sábado, 21 de novembro de 2015

Ética – Consumo de Animais

Aline Francalaci[1]
Luis Augusto Garcia
Vanessa Cristina Savietto


Este artigo tem por objetivo promover uma reflexão ética sobre o consumo dos animais na alimentação humana, demonstrando argumentos que provam que a dieta com base no consumo de carnes é insustentável e ainda faz mal a saúde humana. Com a ética e, atualmente, com a bioética, vem sendo discutido o uso dos animais em pesquisas, consumo, vestimenta, etc. Mesmo baseada em hábitos e costumes muito antigos e, mesmo sendo o homem um animal onívoro, é necessário repensar essas atitudes e visando a melhoria das condições animais e não apenas tratá-los como apenas objetos para uso do homem.

Palavras-Chave: Ética, animais, alimentação.


Ética, ou reflexão da moral, costumes e ações humanas, é um dos temas mais importantes da filosofia, sendo visto através dos séculos, desde Platão (428 – 348 a.C.) até os dias de hoje. Muitos temas são base da Ética, as profissões têm seus próprios códigos e ética e as atitudes do cotidiano também têm a sua reflexão como consciência, bem e mal, virtudes, hábitos, costumes, atitudes para com você e com os outros, “[...] precisamos agir eticamente no dia a dia, na empresa e na política, no hospital e na escola, nos negócios e na relação com o planeta que é nossa casa (oikós).” (VALLS, 2004, p.17).
Com os avanços tecnológicos surgiu a bioética, ponte entre as ciências e a ética, reflexão sobre o uso da ciência em questões como genética, medicina, interferência humana no uso do ambiente e do planeta, etc. Para abordar os problemas bioéticos há dois princípios morais principais: o principio do consentimento, no qual o indivíduo deve dar sua permissão para procedimentos, e o principio da beneficência, que tem por finalidade alcançar o bem e evitar prejuízos.
Uma das questões que vem se difundindo é o uso dos animais em pesquisas e para a alimentação. “Existe atualmente um tipo de fundamentação em defesa do vegetarianismo, filosófica e ética, que se centra no que é consumido e funciona numa lógica reversa: deve-se adotar o vegetarianismo porque é errado matar e comer animais.” (DIAS, 2015). Diversos grupos fazem campanhas e difundem a vida com uma alimentação vegetariana, sua popularidade entre os consumidores atuais tem fundamento em diversos argumentos: melhor dieta para a saúde humana, contribui para a preservação do meio ambiente, porque a produção de animais para consumo humano sobrecarrega os recursos naturais o que contribui para o esgotamento do meio ambiente. Existem muitos argumentos contra a dieta com o consumo de carnes, questões éticas que devem ser vistas através da reflexão, utilizando, principalmente o principio em bioética da beneficência. A piedade aos animais, independente de sua condição e da definição de seu destino pelo homem, deve ser revista e refletido à luz da ética, “além de reconhecer as responsabilidades para outras pessoas com respeito aos animais, devemos reconhecer também uma responsabilidade de considerar a dor e sofrimento dos animais” (ENGELHARDT, 2008, p.184).
Além disto, ainda é possível ver o consumo de carne do ponto de vista sustentável, como o efeito estufa ligado à indústria pecuária, a área que sofre desmatamento para a criação dos animais, etc.

“No mundo o consumo de carne está ligado à miséria, fome, desnutrição, pois a produção de grãos, cerca da metade é destinada ao consumo dos animais para o processo de engorda, dos quais [...] para produzir 1 quilo de carne bovina são necessários 7,2 quilos de grãos de soja, 2,7 para 1 quilo de carne de porco e 1,3 para frango ou ovo. Estima-se que 40 pessoas poderiam ser alimentadas com os cereais utilizados para gerar 225g de carne bovina [...]” (MOULIN, 2015)

A produção e o consumo de carne trazem efeitos colaterais significativos para o meio ambiente e para todos nós, efeitos que não são embutidos no valor final do produto que o tornaria caro e assim inacessível ao consumidor final. Mas que prejudica o solo, água, o clima do planeta, florestas e a perda da biodiversidade, preço que será pago apenas pelas futuras gerações; que poderia ser evitado ao mudarem seus hábitos alimentares. Visando todos os comparativos do consumo de água pelo uso para produção animal, acaba excedendo o próprio consumo humano.
Ao consumirmos não pensamos em como o mesmo foi plantado, cultivado, colhido e no caso das carnes se o mesmo foi bem tratado, alimentado, se sofreu ao longo de sua vida e principalmente na hora do abate.
Se soubesse ao certo como estes são tratados e manejados, muitos optariam pelo vegetarianismo e outros se acostumariam com a situação, pois os animais são mal tratados, colocados em situações de extrema dor e sofrimento. Galinhas, porcos, vacas, patos, carneiros, bois e bezerros, dentre outros tantos animais submetidos à criação intensiva, nascem em série, vivem oprimidos e morrem prematuramente. Cumprindo sua miserável existência confinados em espaços, submetidos à ação de hormônios e a procedimentos induzidos para acelerar a produção de carne, queijo ou ovos, não raras vezes esses animais encontram apenas na morte a sua libertação.
A ideia de proteger os animais vem com a sua familiaridade com eles, como animais domésticos ou animais símbolos de extinção, animais invertebrados não são lembrados em listas de animais que os indivíduos desejam proteger.

“[...] os animais são protegidos pela moralidade da beneficência. Como a variedade da capacidade dos animais de sofrer e alcançar o prazer e a realização vai desde aquela dos primatas mais desenvolvidos até a dos animais unicelulares, a força dos direitos de beneficência varia dramaticamente. Quanto mais os animais podem sentir, sofrer ou ter afeição por outros maior será o peso das preocupações de beneficência para com eles.” (ENGELHARDT, 2008, p.185).

Apesar de manter estreitos vínculos com moralidade e os costumes, o direito não tem a função de impor determinado comportamento ou regular a conduta dos indivíduos. Esse papel é da moral. Ainda que o artigo 32 da Lei Ambiental tipifique como crime submeter animais a atos de abuso ou maus tratos, esse dispositivo penal não se mostra por si só, hábil a impedir a crueldade. A proibição está implícita na moral de cada cidadão. “Interesses econômicos, por sua vez, prevalecem sobre a dignidade e o respeito á vida e, o que é mais grave.” (LEVAI, 2015).


Referencias

DIAS, Paula Barata. Em defesa do vegetarianismo: o lugar de Porfírio de Tiro na fundamentação ética da abstinência da carne dos animais. Artigo apresentado na Universidade de Coimbra, 2015.

ENGELHARDT, H. Tristram. Fundamentos da bioética. São Paulo: Loyola, 2008.

LEVAI, Laerte Fernando. Os animais sob a visão da ética. Disponível em: <http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/os__animais__sob__a__visao__da__etica.pdf>. Acesso em 29 de Outubro de 2015.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.

MOULIN, Carolina Correa Lougon. Consumo de Animais; o despertar da consciência. Artigo apresentado na Faculdade Milton Campos, 2015.

OLIVEIRA, Wesley Felipe. Ética, alimentação e meio ambiente. Periodico eletrônico: Forum ambiental da alta paulista, volume V, ano 2009.

VALLS, Alvaro L.M. Da ética à bioética. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.






[1] Alunos do curso de graduação de Ciências Biológicas da Universidade Paulista – UNIP, Campus Jundiaí, 2º Semestre.

Um comentário:

  1. Muito bom esse artigo!
    Nos faz repensar sobre nossos hábitos alimentares, pois o processo de produção de carne muitas vezes é escondida por um mercado que mais devasta e destrói o meio ambiente.

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