Experimentos em Animais: Ético
ou Não?
Nathália Soares
Ciências Biológicas, UNIP Jundiaí
Resumo
Há ética em submeter animais a procedimentos
insuportavelmente dolorosos e cruéis como os que submetem alguns laboratórios?
Esse tipo de teste em que animais são usados são algumas vezes desnecessários,
pois já a outras formas de fazer experimentos para produtos químicos de
limpeza, cosméticos entre outros, como o uso de tecido humano manuseado em
laboratório o que leva a um resultado mais satisfatório, pois o teste em
animais às vezes não funciona, pois uma substância pode se manifestar diferente
em tecido animal que no humano, pois esses tecidos podem ter características
diferentes, podem ter uma estrutura diferente do outro o que torna
insatisfatório o experimento, motivo este que revela como esse tipo de processo
pode ser desnecessário. Por exemplo os coelhos são imobilizados para que não
tentem arrancar seus olhos durante o procedimento no qual é colocado a substância
diretamente em seus olhos para visualizar a irritabilidade do produto, procedimento
realizado sem quaisquer anestésicos, o que causa dor e sofrimento ao animal.
Ética é a ciência do pensar sobre
as respostas certas da vida, é uma busca do aperfeiçoamento da nossa
convivência. Moral é objeto que estuda a ética. Bioética é o conjunto de
problemas levantados pelas responsabilidades moral dos médicos e biólogos em
suas pesquisas e na aplicação destas.
Experimentações em animais é uma
técnica usada há milhares de
anos, mas nas últimas décadas esse tema está causando muita polêmica e discussão
sobre o que é certo ou errado, e o que é ético ou não. Muito utilizado em
pesquisas farmacêuticas, cosméticos e afins, são atos considerados como
legitimamente éticos os experimentos em animais
que sejam de beneficio direto para a vida e para a saúde humana e animal.
O uso de animais em testes laboratoriais
causam sofrimento, ferimentos e transtornos psicológicos aos animais, pois eles
possuem substratos neurológicos que geram a consciência e comportamentos
intencionais, ou seja, eles sentem dor. Entretanto os testes com animais são
submetidos a comitês de ética, e o fim do uso de animais em testes no Brasil
tornaria a ciência brasileira dependente da tecnologia externa.
Antes de testar produtos em humanos, são
testados em animais, mas nem sempre os resultados obtidos em animais são os
mesmos obtidos posteriormente em humanos. Testes em animais é uma opção, pois
com a tecnologia de hoje existem alternativas capazes de substituir o uso de
animais em testes como a aplicação de modelos matemáticos e computacionais,
técnicas in vitro com tecidos de
seres humanos ou animais, porém em alguns casos não
há como substituir o animal. Sempre que existir um método alternativo com
eficácia comprovada, ele deve ser substituído.
“Os experimentos com animais não são
eticamente válidos se houver métodos alternativos fidedignos para o
conhecimento que se procura. O princípio ético de reverência pela vida exige que se tenha um ganho maior de conhecimento
com um custo menor no número de animais utilizados e com o menor sofrimento dos
mesmos”. Ekaterina Akimovna B.
Riveira, 2002, SciELO Books
“De acordo com o Dr. Albert
Sabin, pesquisas em animais prejudicaram o desenvolvimento da vacina contra o
pólio. A primeira vacina contra pólio e contra raiva funcionou bem em animais,
mas matou as pessoas que receberam a aplicação. Albert Sabin reconhece que o
fato de haver realizado pesquisas em macacos Rhesus atrasou em mais de 10 anos a descoberta da vacina para a
pólio.”
Entre tantos testes
experimentais, o mais comum é o de irritação dos olhos que é utilizado para
medir a ação nociva dos ingredientes químicos de um produto de limpeza e em
cosméticos. Os produtos são aplicados diretamente nos olhos dos animais
conscientes. Os coelhos são os animais mais utilizados nos testes Draize, pois são baratos e fáceis de
manusear. Seus olhos grandes facilitam a observação dos resultados. Para
prevenir a que arranquem seus próprios olhos, os animais são imobilizados
em suportes, de onde somente as suas cabeças se projetam. É comum que seus
olhos sejam mantidos abertos permanentemente através de clips de metal que
seguram suas pálpebras. Durante o período do teste, os animais sofrem de dor
extrema, uma vez, que não são anestesiados. Embora 72 horas geralmente
sejam suficientes para a obtenção de resultado, a prova pode durar até 18 dias.
Muitas vezes, usam-se os dois olhos de um mesmo coelho para diminuir custos. As
reações observadas incluem processos inflamatórios das pálpebras e íris,
úlceras, hemorragias ou mesmo cegueira. No final do teste os animais são
mortos para averiguar os efeitos internos das substâncias experimentadas. No
entanto, os olhos de coelho são um modelo pobre para olhos humanos.
Segundo a cientista Silvana Gorniak, pesquisadora da Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, a decisão de usar bichos em
suas pesquisas não é simples - nenhum pesquisador faz isso porque gosta.
Ademais, esse tipo de estudo é muito caro, pois o custo das cobaias animais
eleva em muito o preço dos experimentos. Por isso, há décadas, laboratórios de todo
o mundo procuram por métodos alternativos. Nos últimos anos surgiram novas
técnicas de cultura celular e modelos de computador, capazes de substituir os
animais em algumas pesquisas, mas não todas. Não há como simular o
funcionamento conjunto de sistemas complexos do corpo, como o circulatório,
nervoso e imunológico. "Como
replicar a depressão em uma cultura de células? Não existem métodos
alternativos para testar anticancerígenos, vacinas contra AIDS, medicamentos
anti-hipertensivos. Para saber se eles funcionam, precisamos testar em
animais".
Referências:
Ciência
Hoje. Disponível em: <http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2013/10/sobre-animais-etica-e-ciencia>
- acesso em 10/112015.
Honório Sampaio Menezes. Ética e pesquisas em
animais. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/ppgeducacaociencias/simposio%20sobre%20etica.pdf> – acesso em 10/11/2015.
Ekaterina Akimovna B. Riveira. Ética na
experimentação animal. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/sfwtj/pdf/andrade-9788575413869-05.pdf> acesso em 10/11/2015.
Andy Petroianu. Aspectos éticos na
pesquisa em animais. Disponível em: <http://medicina.ufmg.br/cememor/arquivos/aspectosEticosAnimais.pdf> - acesso em 10/11/2015.
Guilherme Rosa e Juliana Santos. Uso
de animais em experimentos não é opcional. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/uso-de-animais-em-experimentos-nao-e-opcional-diz-pesquisadora/> - acesso em: 10/11/2015.