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sexta-feira, 6 de junho de 2014

IDEIAS GENIAIS

Giulia S. Yamamoto
Ciências Biológicas
UNIP Jundiaí

          Há mais ou menos 10 anos atrás, na esquina de minha casa morava uma senhora de aparentemente 60 anos ou mais. Quase todos os dias da semana ela saia pelas ruas recolhendo coisas como latinhas, papelão, garrafas e coisas afins. Quando não encontrava, passava de casa em casa recolhendo estas mesmas coisas. Na época, eu com meus 9 para 10 anos, não entendia muito bem o porquê de ela pegar aquelas coisas que, para mim, não passavam de lixo

         Um dia, ela tocou a campainha aqui de casa perguntando se tínhamos alguma coisa que para ela poderia ser “reaproveitável”, como latinhas, lacres, garrafas... E então minha mãe entregou algumas garrafas pet que tínhamos deixado para jogar fora no dia seguinte. Nisso, eu aproveitei e perguntei por quê e para quê ela recolhia aqueles lixos. Ela então me respondeu que para muitos aquilo era lixo, sem valor, mas que nas mãos certas poderia virar diversas coisas. Fiquei novamente sem entender e deixei passar.

Dias depois ela tocou novamente a campainha de casa, mas desta vez não era para perguntar se tínhamos garrafas ou latinhas, mas sim para nos vender algumas coisas. Quando reparei, ela estava vendendo uma bolsa toda feita de lacres de latinhas, uns porta-treco feito de garrafas pet e potes de manteiga, entre diversas outras coisas. Eu, no auge da minha curiosidade, perguntei novamente como é que ela conseguia fazer aquelas coisas utilizando apenas lixo, mas dessa vez ela não me respondeu. Apenas disse para ir visitá-la um dia que ela mostrava como fazia.

          Então, em uma tarde logo depois de voltar da aula, fui até a casa da senhorinha, pois estava curiosa em saber como é que ela fazia aquelas coisas. Quem me atendeu foi uma garota, neta dela, uns 2 anos mais velha que eu. Soube que era ela quem ajudava a avó na confecção daqueles materiais. A menina me levou para o fundo da casa, numa garagem toda fechada, cheia de coisas que a avó dela recolhia pelas ruas ou dos moradores. A senhorinha estava lá trabalhando, fazendo alguma coisa utilizando uma garrafa pet. Enquanto isso a neta dela foi me mostrando o local, os materiais, as coisas que eram feitas com eles e até me ensinou a montar e a decorar uma caixinha feita com papelão. Ela me contou que eu não era a primeira pessoa a visitá-las, muitos dos moradores dali ficaram curiosos com o trabalho da avó e iam para aprenderem a fazer algumas coisas ou apenas para matar a curiosidade. Logo depois, a senhora me mostrou o trabalho dela pronto, um vasinho feito com garrafa pet todo decorado e pintado. Confesso que fiquei surpresa com a habilidade daquelas duas em transformar coisas insignificantes em arte.
       

          Daquele dia em diante, sempre guardava as garrafas, latinhas e caixas de produtos usados para poder entregar à senhorinha para que ela as reutilizassem em suas obras. Vez ou outra passava em sua casa depois das aulas para vê-la trabalhar ou para aprender a montar alguma coisa. Até hoje, guardo comigo as coisas que a senhora e sua neta me ensinaram. E realmente, coisas sem valor nas mãos certas, poderiam virar diversas coisas. Inclusive arte.

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